Lembranças de uma calça comprida

Quem era criança na década de 1970, certamente se lembrará que ir à praia de Ponta Negra, naquele tempo, era um momento muito especial. Sem dúvidas, havia visitas em casa, já que a opção de praia em um domingo comum era a do Forte. Era preciso organizar o piquenique, levar o necessário para passar o dia, pois a praia era muito distante.  Tudo pronto, meninada na Veraneio (dava pra levar menino até na mala) saíamos do Tirol pela av. Hermes da Fonseca, logo passaríamos pelo Hotel Tirol; pela ETFRN; e começavam a surgir as fábricas, pois já adentrávamos o distrito industrial, a Guararapes era a primeira; em seguida a que tinha um cheirinho bom de doce, a Sam’s; e a expectativa só aumentava, cadê a calça comprida? Quem será que conseguiria vê-la primeiro? Sabíamos que era a última das fábricas a ser vista, antes da subida do viaduto que nos levaria para a estrada de Ponta Negra. Passávamos pelo Centro Administrativo e por várias fábricas têxteis até avistar a imponente calça comprida, sem uma ruga qualquer, vincos impecáveis e cinto de fivela, fincada no alto da colina onde hoje está instalado o Carrefour. Era a caixa d’água da fábrica T Barreto, destruída anos após o fechamento da fábrica e a mudança de uso do lugar.

Uma memória de infância da qual não tenho fotos mas que trago até hoje comigo. Quem aí tem uma imagem pra ilustrar essa lembrança e compartilhar comigo essa memória afetiva de Natal?